sexta-feira, 21 de junho de 2013

A invenção da morte


No dia do seu septuagésimo quarto aniversário meu pai inventou de querer morrer, e anunciou seu desejo. Mas pouca gente escutou.

No dia vinte e um de junho de 2002, com setenta e seis anos, ele morreu sozinho num quarto de hospital.

Em vida, quando algo acontecia  do jeito que ele não imaginava ou não queria, ele dizia, Tá tudo perdido!

Ele morreu e sua frase ficou na minha cabeça ... martelando.  Algo me incomodava.

Descobri, então,  a grande emotividade do meu pai exigente e sisudo.

Mas meu pai me educou pra ser melhor do que ele. Isso o tornou grande para mim, e me fez entender que Nem tudo está perdido; nem mesmo escrito: isso me faz sentir vontade de continuar escrevendo.


©Cesar Sampaio

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