sexta-feira, 31 de maio de 2013

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 Cesar Sampaio

O Clube da Borracha Mole


Ela disse que não gostava (e não queria) que seu marido sexagenário participasse desse clube, reservado aos homens da comunidade maiores de sessenta anos.

Não gostava mais dele, e o relacionamento entre o homem e a mulher foi substituído pelo de irmãos arengueiros.

Mas, confessou que tinha medo de que a borracha mole do marido ficasse dura fora de casa.


©Cesar Sampaio

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A casa do ornitorrinco




A filha de Belizário estava estudando para prova de biologia e pediu para ele tomar o ponto.

—Quais as principais células do tecido conjuntivo?

—Células mesenquimatosas, fibroblastos, condroblastos e mastócitos.

—Certo. Muito bem!

Mas, num instante de lucidez, o pai inconformado se perguntou: qual a serventia para um aluno do ensino médio, saber que as células do tecido conjuntivo são as mesen...

Ele tem certeza que o ensino no Brasil está em processo de autofagocitose. Mas, enquanto esse processamento não é concluído, os alunos continuam rindo das trombas de falópio desse elefante branco chamado colégio, e desses seres esquisitos e esquecidos pela cadeia evolutiva, que os alunos (ainda) chamam de professor. 


©Cesar Sampaio

segunda-feira, 27 de maio de 2013

As amantes de Belizário



Belizário trabalhou muitos anos como vendedor viajante.Nos lugares que passou fez muitos amigos e namoradas.

Três delas marcaram presença em toda sua vida.

A mais antiga, Dona Cota, ele a deixou quando mudou de profissão.

A segunda, Dona Responsabilidade, Belizário está quase se livrando dela.

A terceira é um problema de difícil solução: Dona Angina não quer largar seu peito. 


©Cesar Sampaio

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Quem sou eu?



Foi a pergunta que Belizário se fez.

Como não sabia propriamente a resposta, leu Descartes, e aí enfrentou um cogito relativizado, que em vez do Penso, logo existo, se deparou com um Penso, logo existe. Não ficou satisfeito.

Aí procurou um analista freudiano. O silêncio do setting terapêutico, além de insuportável, o fez descobrir a insolidez do inconsciente. Desistiu da sua análise quando fez uma pergunta ao seu analista e ele a respondeu com outra.

Resolveu, então, por algo mais light e consultou seu mapa astral. Com essa coordenada não chegou a lugar nenhum.

Finalmente, aproveitou uma noite em que sua namorada estava de bom humor e pediu que ela lhe ajudasse a responder o que parecia tão complicado. Ela, então, lhe deu um beijo na boca e disse que queria transar. Ele experimentou algo diferente do que lhe parecia razoável.

Tentando se encontrar, Belizário descobriu o seu desejo!

©Cesar Sampaio

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A relatividade da existência



Letícia nasceu em vinte e seis de outubro de mil novecentos e noventa e seis. Foi um ano de felicidades.

Aos sete anos de idade, num lance de perspicaz curiosidade ela me perguntou: Painho, onde eu estava antes de nascer?

Responder as perguntas das crianças não é uma tarefa fácil. Especialmente quando estão relacionadas ao sexo.

Penso que a verdade sempre vale a pena. Mentir ou enganar os filhos, ou quem quer que seja nunca é um bom caminho. Dizem por ai, que a mentira tem pernas curtas; e manca.

Diante da morte e do sexo, alguns pais, confrontados consigo mesmos, perdem a oportunidade de estabelecerem regras para a vida. Deixam espaço para as caraminholas nas cabecinhas dos filhos. Esquecem o que é fundamental.

Letícia estava em seu momento de querer saber. Um saber que apontava para uma relatividade existencial. O senso comum prefere acreditar que existimos já na fecundação do óvulo, na formação do embrião, do feto ou mesmo no nascimento. Nada disso. Começamos a existir no pensamento. De Painho e de Mainha. Foi o que respondi pra ela.


©Cesar Sampaio