quinta-feira, 23 de maio de 2013

A relatividade da existência



Letícia nasceu em vinte e seis de outubro de mil novecentos e noventa e seis. Foi um ano de felicidades.

Aos sete anos de idade, num lance de perspicaz curiosidade ela me perguntou: Painho, onde eu estava antes de nascer?

Responder as perguntas das crianças não é uma tarefa fácil. Especialmente quando estão relacionadas ao sexo.

Penso que a verdade sempre vale a pena. Mentir ou enganar os filhos, ou quem quer que seja nunca é um bom caminho. Dizem por ai, que a mentira tem pernas curtas; e manca.

Diante da morte e do sexo, alguns pais, confrontados consigo mesmos, perdem a oportunidade de estabelecerem regras para a vida. Deixam espaço para as caraminholas nas cabecinhas dos filhos. Esquecem o que é fundamental.

Letícia estava em seu momento de querer saber. Um saber que apontava para uma relatividade existencial. O senso comum prefere acreditar que existimos já na fecundação do óvulo, na formação do embrião, do feto ou mesmo no nascimento. Nada disso. Começamos a existir no pensamento. De Painho e de Mainha. Foi o que respondi pra ela.


©Cesar Sampaio

5 comentários:

  1. O caminho da verdade, por mais difícil ou doloroso que por ventura seja, é sempre o que colhe os melhores frutos. Belo texto, parabéns pelo Blog e pela iniciativa.

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  2. E eu quem saio ganhando, por ter vc como esse pai sempre sincero, verdadeiro, justo, e que sempre faz de tudo pra me dar o melhor e me fazer melhor! Te amo pai!

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  3. Gerhilde Callou Sampaio27 de maio de 2013 às 09:20

    Cesar,para mim vc é um excelente escritor.Finalmente você começou a publicar seus textos, parabéns!Sucesso na sua investida e a certeza que as pessoas vão apreciar a forma que vc explora as palavras para escrever o que sente.

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  4. Alguma mentirinhas ajudaram a formar grandes personas no passado. Eram necessárias e continuam sendo. Cabe aos principais formadores de opiniões dos filhos, saber o momento certo de instruir. Nunca estaremos certos que o que passamos e acreditamos será seguido e repassado. Mais a informação esta aberta e é uma grande preocupação. Não consigo dizer por exemplo a minhas filhas que tatuagem é legal, que balada é o máximo e que maconha consumida adequadamente é normal.

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