No dia do seu septuagésimo quarto aniversário meu pai
inventou de querer morrer, e anunciou seu desejo. Mas pouca gente escutou.
No dia vinte e um de junho de 2002, com setenta e seis anos, ele morreu sozinho num quarto de hospital.
Em vida, quando algo acontecia do jeito que ele não imaginava ou não queria,
ele dizia, Tá tudo perdido!
Ele morreu e
sua frase ficou na minha cabeça ... martelando. Algo me incomodava.
Descobri,
então, a grande emotividade do meu pai exigente e sisudo.
Mas meu pai
me educou pra ser melhor do que ele. Isso o tornou grande para mim, e me fez
entender que Nem tudo está perdido;
nem mesmo escrito: isso me faz sentir vontade de continuar
escrevendo.
©Cesar Sampaio