quarta-feira, 30 de julho de 2014

Mil imagens pra te oferecer

Homenagem a Mario Quintana 




De ontem pra hoje fui dormir pensando em Quintana, o poeta das coisas simples.

Resultado: sonhei contigo.

Fiquei intrigado e a pensar em tantas imagens belas que produzi em uma única noite de sono. Foram todas pra ti.

Agora, pra ser sincero, nenhuma delas é clara em minha lembrança para que possa descrevê-la em detalhe.

Mas eram imagens leves, singelas, diretas como quem sabe fazer um caminho; como quem sabe o que quer; como quem sabe “dançar salamandras mágicas e sem fim”.

Quero uma estrada dessas pra mim. Quero fazer da simplicidade mais do que utilidade. Uma adoração? Talvez seja demais. Mas seria capaz.

Seu eu pudesse transformar o meu amor em verso, escreveria tudo num “Bilhete”:

“Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima do telhado

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!

Se me queres,

Enfim,

Tem de ser bem devagarinho, Amada

Que a vida é breve e o amor mais breve ainda.”



Cesar Sampaio

Quintana no Inconformista

30 de Julho - Nascimento de Mario Quintana


A luta amorosa com as palavras


Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Há! Mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas… Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade.
Nasci do rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro – o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton! Excusez du peu.
Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! Sou é caladão, introspectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros ?
Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante 5 anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Veríssimo – que bem sabem (ou souberam), o que é a luta amorosa com as palavras.


Mario Quintana

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Homenagem - 25 de Julho, dia do escritor e das suas frases

Edgar Lawrence Doctorow : "Escrevo para descobrir o que estou escrevendo".


Raquel de Queiroz : "Escrever é bom. Ter escrito é ótimo".



Joseph Conrad : "Pra mim, escrever é apenas uma conversão das minhas forças em frases".



Homenagem - 25 de Julho, dia do escritor


"A vida autêntica de um pensamento dura até que ele chegue ao ponto em que faz fronteira com as palavras: ali se petrifica, e a partir de então está morto, entretanto é indestrutível, da mesma maneira que os animais e plantas petrificados da pré-história. Também se pode comparar sua autêntica vida momentânea à do cristal no instante da sua cristalização. Assim, logo que nosso pensamento encontrou palavras, ele já deixa de ser algo íntimo, algo sério no nível mais profundo. Quando ele começa a existir para os outros, para de viver em nós, da mesma maneira que o filho se separa da mãe quando passa a ter sua existência própria. Como diz o poeta (Goethe): Não me venham confundir com contradições. Logo que falamos começamos a errar".



Arthur Schopenhauer

Resposta a um comentário



A propósito da postagem “Diálogos de amor – o amor e suas palavras”, publicado no dia dezesseis de julho passado, uma assídua leitora questiona a ideia do texto.

Em tom de sarcasmo, ela provoca o autor e diz, “mas, como é mesmo a história do verbo intransitivo”?

Positivo! Tenho que concordar com a língua portuguesa.

Um pensamento surge sem prurido: Negativo é a dor de amar e não ser correspondido.

Diante de tal entrevero, faço aqui, então, o devido complemento. Amar é ato de desespero! 


Cesar Sampaio