segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Favela de pedra



Muita chuva e sujeira nas ruas do Recife fizeram o jacaré sair da toca. Incomodado, ele foi à prefeitura fazer a sua reclamação. Da calçada protestou, mas todo educado e sem confusão.

A sujeira da cidade é do povo e do prefeito, disse o réptil sem jeito.

A topeira também quis protestar. Carregando um saco com lixo, seguiu para Câmara testemunhar e (quem sabe?!) ver um edil trabalhar.

Mas, encontrou a Casa vazia, nenhum vereador no plenário. Solitário.

Sabe como é. Em dia de chuva, servidor não trabalha.

Tristonha, impotente e míope não teve a quem se queixar. Meteu o rabinho entre as pernas e pra prefeitura se dirigiu.

No último andar do edifício, pediu  audiência a sua excelência.

Mas o chefe da recepção foi quem a atendeu.

“O prefeito está em reunião”, disse o assessor que nada fazia e usava paletó e gravata.

Desanimada quis desistir. Mas, uma ideia lhe ocorreu.

Lápis e papel na mão, quer dizer, nas patas, um recado pro chefe da cidade, quem sabe...

 E ao prefeito eleito escreveu: Toma que o filho é teu!

E deixou o saco com lixo acomodado na lixeira do gabinete. 


Cesar Sampaio –C.

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