Muita chuva
e sujeira nas ruas do Recife fizeram o jacaré sair da toca. Incomodado, ele foi
à prefeitura fazer a sua reclamação. Da calçada protestou, mas todo educado e sem
confusão.
A sujeira da
cidade é do povo e do prefeito, disse o réptil sem jeito.
A topeira
também quis protestar. Carregando um saco com lixo, seguiu para Câmara
testemunhar e (quem sabe?!) ver um edil trabalhar.
Mas,
encontrou a Casa vazia, nenhum vereador no plenário. Solitário.
Sabe como é.
Em dia de chuva, servidor não trabalha.
Tristonha,
impotente e míope não teve a quem se queixar. Meteu o rabinho entre as pernas e
pra prefeitura se dirigiu.
No último
andar do edifício, pediu audiência a sua excelência.
Mas o chefe
da recepção foi quem a atendeu.
“O prefeito
está em reunião”, disse o assessor que nada fazia e usava paletó e gravata.
Desanimada
quis desistir. Mas, uma ideia lhe ocorreu.
Lápis e
papel na mão, quer dizer, nas patas, um recado pro chefe da cidade, quem sabe...
E ao prefeito eleito escreveu: Toma que o filho é teu!
E deixou o
saco com lixo acomodado na lixeira do gabinete.
Cesar
Sampaio –C.
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