Homenagem ao meu amigo Antonio Soatman, no dia do seu aniversário.
Nunca o esqueci, muito menos o seu nome nem seu carinhoso
apelido. Ele é Severino Antonio Soatman de Andrade, mas todos o conhecem por
Totonho. Não me lembro do último dia em
que nos encontramos. Mas, uma forte recordação nunca saiu da minha cabeça: a
pessoa digna, bem humorada e com a qual eu gostava de me relacionar. O destino
profissional nos separou. Até o dia em que o mesmo destino nos colocou frente a
frente.
Não hesitei o convite e fui ao seu encontro numa manhã de domingo,
no dia da padroeira da sua cidade. Num piscar de olhos, a sua careca e a barba
branca me chamaram a atenção. Mas, não podia ser muita surpresa para mim.
Afinal, trinta anos não são trinta dias.
Nos abraçamos. Falei seu nome como um beliscão que se dá na
própria pele para acreditar que aquele momento era real, depois de três décadas
de mútua ausência. Senti, então, que nosso sentimento era recíproco e verdadeiro.
Um instante depois, ele me pegou pelo braço e disse:
— Venha conhecer minha família. Esse é meu irmão... Minha irmã...
Minha mãe...
E, se referindo a uma morena bonita e simpática, disse
sorrindo
—E essa aqui é a linguiça que me mordeu.
Sorrimos juntos e não tive dúvida: meu amigo Totonho perdeu
os cabelos da cabeça, mas o seu humor e a nossa amizade resistiram ao tempo.
©Cesar Sampaio
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